quinta-feira, 1 de março de 2007

Vejam estas fotos das bancas de frutas do Mercadão Central de São Paulo e entendam por que a fruticultura é uma das minhas paixões, na agropecuária.






As fotos foram produzidas pelo meu genro, jornalista Marcos Rocha, numa viagem recente a São Paulo, no Mercadão da Avenida Senador Queiroz, no Centrão. Elas foram batidas do mezzanino, onde funcionam os bares e restaurantes, e de lá se descortina uma bela vista do imenso galpão, que é um dos mais bonitos e funcionais mercados centrais do Brasil. Elas são auto-explicativas. Estas bancas estão entre as maiores atrações do Mercadão. Lá se encontram frutas da melhor qualidade vindas das regiões produtoras mais importantes -- do país e do exterior.

A fruticultura brasileira já é uma realidade bastante forte -- e tem um potencial enorme de crescimento ainda inexplorado. Mas a grande maioria das frutas que aparecem nas quatro fotos são importadas -- do Chile, da Argentina, da Europa, dos Estados Unidos e até da Nova Zelândia. As nacionais, infelizmente, são minoria nesse mostruário. No entanto, o Brasil tem potencial para multiplicar "n" vezes a produção de frutas, tanto para abastecer o mercado interno como para exportação. Temos terras de qualidade, climas variados, espécies tropicais que despertam grande interesse e curiosidade mundo afora e todas as demais condições para isso. O que falta é a decisão política governamental de incentivar as pesquisas para que a produtividade aumente; e faltam estímulos aos produtores para que invistam mais num negócio que é altamente promissor e rentável.

Minha vida, ao longo de mais de 50 anos como engenheiro-agrônomo, foi uma luta constante para melhorar a qualidade da nossa fruticultura -- embora não tenha me limitado a esse segmento -- e a rentabilidade dos nossos produtores. Mas tenho fé de que estamos evoluindo. E muitas conquistas virão, estou certo, através das novas gerações de pesquisadores e engenheiros-agrônomos, a quem presto as minhas homenagens de colega mais experiente, mas que continua sendo um idealista e pondo fé no trabalho dos nossos técnicos e dos nossos produtores. E mais: também coloco à disposição o espaço deste blog para que mostrem e divulguem os seus trabalhos.



(Clicando em cima de cada foto ela pode ser vista ampliada, dando até vontade de saborear as frutas, de tão bonitas que elas são. Observando-se bem alguns detalhes da foto na ampliação dá para se ver até o preço pelo qual são comercializadas -- e eles são muito atrativos, na minha opinião).

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Indicações Valiosas para a Agricultura.

1) Capim Elefante Napier

A. Para formação de pastagem – usada com manejo pelo sistema de pastoreio rotacionado regime de poda alta: pastar com 0,80 cm de altura e deixar aos 0,40.

B. Para corte – a cada 1,50m de altura: fornecer inteiro e à vontade

(“A melhor picadeira é a boca do boi”)


2) Gesso Agrícola (CaSO4)

A. Em uma terceira lata da plantadeira na dose de 200 kg/Ha

B. Esparramado em área total na dose de 1.000Kg/Ha, pode repetir /ano. É ideal para pastagem, pois aprofunda as raízes e fornece o enxofre, S, que o capim é exigente. Tem restrição para as verduras em geral e plantas de raízes superficiais como gramados, alho, cebola, amendoim, morango, batata, mandioca, banana, coco e outras semelhantes.

3) Minhoca Louca (nacional)

No lugar da vermelha da califórnia, que é a mais usada devido principalmente por sua precocidade e produtividade, mas que não sobrevive sem seu alimento específico e que é o esterco já curtido; já a “louca” come de tudo e se torna assim permanente onde é introduzida, com evidentes e constantes benefícios.

4) Rolo faca.

Para roçar as pastagens, no lugar da famigerada roçadeira, que limpa mas estronda

os arbustos, o que provoca intensa rebrota.

5) Leucena.

1. Adubação verde

2. Alimentação do gado na seca

3. Formação de banco de proteína

6) Amendoim forrageiro “Arachis Pintoi”.

Para consorciação de pastagem


7) Nim, a planta inseticida.

Para uso alternativo, ecologicamente correto.


8) Amostragem de terra para análise química.

Usar mistura de amostras individuais para o cálculo das recomendações baseadas nas médias e não a mistura de várias amostras; acontece que a acidez do solo aparece em reboleiras, e analisando a mistura de amostras o resultado será mascarado, o que não ocorre na amostra individual, que é uma só; depois, onde houver acidez nociva faz-se nova coleta em volta dos pontos críticos e o combate da acidez será restrito e localizado; não haverá assim perigo nem de subdosagem e nem excesso.

9) Depósitos para proteção de iscas.

A) Aproveitar as garrafas, de vidro ou de plástico e encher com a isca granulada; enfiar em estacas finas, fincadas inclinadas no solo, mantendo abastecidas; a formiga dos pastos, a capiguara, não sobe em estacas, daí o depósito tem de ficar direto no solo.

B) Para as moscas-das-frutas
(ver matéria abaixo, onde este assunto é abordado de maneira mais completa):

Como depósito serve qualquer recipiente, de tamanho, formato ou material, basta que tenha resistência e abertura por cima; pode ser de vidro, garrafa de plástico, papelão, lata, ou até saco plástico que deverá receber dentro umas bolas de jornal para não murchar.

Encher com calda doce de açúcar 5% ou com proteína hidrolisada, mais o inseticida a 0,2% ou sulfato de cobre para não matar as abelhas (os ovos das moscas não serão férteis). Reabastecer ao baixar o nível. Renovar antes que fermente, +- 15 dias.

Cortar algumas tiras de pano largas ou folhas de jornal dobradas ou enroladas, ou tiras de mata-borrão; compridas pelo menos o dobro do tamanho do depósito para atingir o fundo com sobra; enfiar uma das pontas pela abertura, ficando as outras de fora, devendo assim permanecer sempre úmidas.

Dependurar nos galhos; cada depósito protege quatro pés.

Outra forma de aproveitar as garrafas de plástico, grandes ou pequenas: furar com prego bitola 12, no fundo ou nos lados; a garrafa deve ficar bem fechada com a tampa, para não entrar ar, senão vazará e, se fizer mais que um furo lateral eles têm de estar no mesmo nível. Ou pode também ser feito cortes usando segueta ou faca de serrilha.

Se a garrafa não tiver tampa é só fazer furos maiores, bitola 25 ou mais e vedar bem com pedaços de bucha de plástico, cortadas em triângulo, ou chumaços de pano, algodão ou até papel dobrado; experimentar pois não pode vazar.

A “verdadeira” mamadeira de moscas é feita cortando cotonete de ouvido pelo meio e enfiando cada pedaço nos buraquinhos feitos com prego bitola 15.

10) Cal hidratada – para ser usada no lugar de pó calcário.

O pó calcário é insolúvel na água e por isto pode causar desequilíbrio do fósforo e do zinco se for usado em super dosagem.

A cal hidratada é solúvel em água e de pronta ação e não causa desequilíbrio pois se houver excesso será lixiviado; sua dosagem e quatro vezes menor que a do calcário e o cálculo da recomendação, baseada na análise química, é o mesmo; o uso é esparramando em área total incorporando imediatamente (no mesmo dia) senão absorve o CO2 da atmosfera retornando p/ calcário; pode ainda ser usada no plantio, na terceira lata da plantadeira, tal como o gesso e na mesma dosagem.

11) Travesseiros nas curvas de nível.

Interromper com parede de terra os cordões de contorno em nível, a cada 100m para evitar o acúmulo de água, a qual ficando no ponto mais baixo irá transbordar e destruir o camalhão. Mesmo só com 0,50 de altura, com capacidade de 25m³ ou 25000 litros, oferecerá mais segurança contra chuvas fortes do que paredões de 1m de altura, os quais estouram mesmo assim nos pontos de maior acúmulo de água que é depositada no ponto mais baixo da curva, seja no meio ou nas pontas, e vai destruindo um após outro de cima para baixo. A capacidade do cordão interrompido corresponde a uma chuva de 62mm, de 250 descontando a infiltração de 50% e evaporação dos outros 25%. Em declividade maior, interromper com os travesseiros de terra a uma distância menor (até 50m) e sendo preciso ainda menor distância o melhor a fazer é restringir o uso de solo, plantando perenes ou pastagem ou reflorestamento e não lavouras anuais.

12) Variedades de banana resistentes à sigatoka negra.

A Embrapa de Cruz das Almas (BA) tem 12 variedades: Thap Maeo, Caipira, Prata Zulu, Prata Zem, Caprichosa, Garantida, Preciosa, Fhia1, Fhia10, Fhia18, Pioneira e Maravilha; Sete destas podem ser adquiridas na Campo; no Espirito Santo tem 2 (Japira e Vitória).

Evolução da luta AMA x MFs (moscas-das-frutas)











NESTA SEQÜÊNCIA DE 10 FOTOS, QUE DEVEM SER VISTAS DE BAIXO PARA CIMA, APRESENTO AS ARMADILHAS-DEPÓSITOS DE VENENO LÍQUIDO (GARRAFAS DO TIPO PET) E DE ISCAS (TROUXINHAS) PARA COMBATE À MOSCA-DA-FRUTA.

(Clicando em cima de cada foto, você poderá vê-la bastante ampliada, o que permite observar detalhes sobre as "mamadeiras" feitas de garrafas pet e sobre a trouxinha com iscas e o processo de montagem de ambas, que está explicado no texto abaixo)

ATENÇÃO: OS TEXTOS NA COR AZUL FUNCIONAM COMO SE FOSSEM LEGENDAS DAS FOTOS, OK?

A primeira imagem que vocês estão vendo aqui logo acima deste texto é a de uma laranja atacada pela mosca-da-fruta, uma praga que causa altos prejuízos à fruticultura brasileira e mundial. Resolvi enfrentá-la há muito tempo atrás, utilizando para isso as "mamadeiras" de garrafas pet e as trouxinhas contendo iscas de veneno, em apresentações que eu próprio desenvolvi, a partir de experiências de campo.

A segunda imagem, de baixo para cima, é a de uma garrafinha de guaraná caçula do tipo pet (ou pete), com uma "mamadeira" já pronta, na qual podem ser vistos os bicos feitos de cotonetes, conforme explico no texto abaixo.

Na sequência (sempre rolando o mouse de baixo para cima) , apresento o mesmo tipo de mamadeira, porém feita com uma garrafa de água mineral de 1 litro e 1/2. Minha experiência tem demonstrado que este é o modelo mais prático e de melhores resultados.
A quarta foto (na mesma seqüência) mostra uma mamadeira para a mosca-da-fruta feita a partir de uma garrafa de água sanitária de 1 (um) litro. Os resultados são equivalentes aos da garrafa de 1 litro e 1/2.

A quinta (idem) mostra uma mamadeira feita de garrafa pet com furos e bicos na parte inferior, que é bem mais difícil de se fazer, como explico no texto, porque o filme de poliéster do fundo é mais duro e complicado para se furar.

A sexta foto mostra os palinetes de algodão, que são cortados ao meio, em corte diagonal (em bisel), para que possam ser encaixados nos furinhos feitos com pregos de bitola 15.

A sétima foto mostra como se deve fazer a trouxinha: primeiro pega-se um tecido de voal e corta-se em quadrados de 15 x 15 cm (pode ser também um pouco maior, de 18 x 18 cm). Depois coloca-se as iscas, conforme formulação explicada abaixo. A oitava foto mostra a trouxinha já pronta.

A nona foto mostra à esquerda uma trouxinha já fechada e pronta para ser amarrada com um barbante fino e colocada dentro de um copo plástico comum de tamanho médio, que é furado ao fundo para que o barbante possa ser passado e, a seguir, o copo com a trouxinha é amarrado no galho da planta a ser protegida (foto 10, na seqüência).

A luta teve início com a minha transferência de Limeira (SP) para Uberaba (MG), no início dos anos 70 e a mudança da firma onde trabalhava (a Ultrafértil) para a Ciba-Geigy. A pesquisa por um "depósito" que facilitasse o combate teve início alguns anos antes, ainda na Ultrafértil e na cidade de Araraquara (SP), onde iniciei a minha carreira profissional depois de sair do Banco do Brasil em Sacramento (MG), onde era fiscal-visitador da Creai.

Foi para atender a uma exigência de um grande cliente em Araraquara (SP), comprador de Mirex, isca granulada (clorada) contra as formigas saúvas, que me deu o ultimato: "Não vou mais jogar fora o meu dinheiro no chão" (era assim que se usava e a chuva, obviamente, destruia as iscas).Daí nasceu o primeiro depósito para iscas (acho eu). Foi feito com uma lata vazia de óleo de motor, quase totalmente aberta, enfiando a tampa para dentro, enchendo com a isca e colocando no suporte, que era uma estaca fina de madeira, deixando passagem livre para as formigas que subiam e desciam pela estaca, fazendo "aquela festa".

A espécie de saúva em questão não era a capiguara ou das pastagens, que não sobe em árvore (no caso as plantações eram café e citrus), quando então se usava simplesmente uma garrafa deitada ao lado do carreador. O depósito mereceu um desenho e publicação no jornalzinho da Ultrafértil. Mas voltemos à evolução e às moscas.

1) O furinho

Com saquinho de plástico grosso, cheio com a isca da calda açucarada a 10%, mais o inseticida a 0,20 %, com um objeto duro dentro para não murchar à medida que for diminuindo a água. Deve ser muito bem amarrada com barbante fino (arame não serve). Não pode entrar ar. Deve-se deixar sobrando um pedaço de barbante para que o depósito possa ser pendurado. Fazer alguns furinhos no fundo com uma agulha de mão bem fina, enfiando-se só a pontinha. Experimentar o processo antes, para praticar, só com água pura e também antes de usar ou ir para o pomar. Deixar em casa de um dia para outro para verificar. Substituir a calda ou novo saquinho após mais ou menos 20 dias, devido à fermentação do açúcar (ou proteína hidrolisada), ou mesmo antes desse prazo, conforme o gasto.

Em lugar do saquinho de plástico pode-se usar garrafa pet (conforme fotos acima) , fazendo-se furinhos laterais no fundo com prego bitola 15; a tampa tem que ser bem apertada, para não entrar ar; os furinhos têm que ser no mesmo nível da horizontal ou com pouca diferença (na inclinação), que é também para não entrar ar.

2) Pavio

Processo que deixará de ser descrito por estar sendo atualmente patenteado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) por um grupo (orgânicos) da ESALQ -- Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP -- Universidade de São Paulo, em Piracicaba. Faço apenas a citação e a data (1974), embora não importando quem tenha "inventado" primeiro.

3) Mamadeira

Os furos feitos lateralmente são mais recomendados, porque a parede da garrafa é mais fina e mais mole que no fundo (neste caso, o prego teria que ser batido com martelo). Fazer os furinhos no mesmo nível (com pequena variação) da horizontal. Enfiar nos furinhos os "bicos" da mamadeira que são feitos com cotonetes (palinetes de algodão cortados ao meio em bisel -- ou seja, de forma enviesada, na diagonal).

Para se enfiar os bicos é preciso forçar um pouco, alargando-se os furinhos com o prego, se for preciso. Primeiro, encher com água, para experimentar, de um dia para o outro, substituindo o bico que estiver vazando por outro cotonete ou, então, vedar o furinho). Importante: a tampinha da garrafa pet (pete) tem que ser muito bem apertada.

A isca é calda doce a 10% de açúcar e inseticida a 0,20%. Tem que trocar mais ou menos a cada 20 dias, por causa da fermentação do açúcar (com proteína hidrolisada dura mais tempo) ou então quando acabar (reposição) pelo uso e evaporação. Antes de levar para o campo, experimentar de um dia para o outro. Fazer o controle e monitoramento constante. Não se esquecer do barbante, para se pendurar a "mamadeira" nos galhos das árvores. Feita com garrafa de plástico do tipo pet ou pete (feitas de poliéster ou polietileno teraftalado, daí a origem da sigla que virou nome). Pode ser de qualquer tamanho, formato, espessura ou cor (o amarelo é atrativo para as moscas). São feitos alguns furinhos com prego bitola 15 (no máximo bitola 18 -- a bitola 21 não é recomendada por ser muito grossa).

4) Trouxinha

Feita com pedaços de voal, cortadas em quadrados de 15 x 15 cm ou 18 x 18 cm.Cada trouxinha é enchida com isca de açúcar cristal ou mascavo ou ainda rapadura ralada grossaou fatiada, 2 a 3 colheres + inseticida (20 gramas ou 20 ml. para 1 (um) quilo de açúcar. Juntar as quatro pontas e amarrar com ujm pedaço grande de barbante. A seguir, a ponta maior é enfiada em furinho feito num copo de plástico descartável tamanho médio. Virar de ponta-cabeça e puxar para fora, ficando a trouxinha encostada no fundo do copo plástico. Dar um nó na ponta do barbante que fica para fora do copo, para que a trouxinha não caia e pendurar uma trouxinha nos das plantas a serem protegidas.

A duração do produto dentro da trouxinha vai depender do ataque dos predadores, principalmente as abelhas (muito vorazes). A reposição é feita através da substituição por uma nova trouxinha, pois o custo é muito baixo. Também a área protegida não importa muito, pois o baixo custo permite até a proteção pé por pé nos pomares caseiros.

5) Alimentador
Ainda está em estudo e fase de testes.
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Quem sou eu

Uberaba, Minas Gerais, Brazil
Engenheiro-agrônomo formado pela ESALQ-USP, de Piracicaba. Atualmente estou aposentado pelo IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária (Secretaria de Estado da Agricultura - Governo de Minas Gerais).